É ou está deprimido?

É ou está deprimido?

Um conceito de extrema importância é saber se o paciente É deprimido ou ESTÁ deprimido. Algumas vezes a pessoa está deprimida, isso é, está momentaneamente com sintomas depressivos, geralmente ocasionados por alguma circunstância capaz de causar sofrimento emocional. Nesse caso, diz-se que a pessoa está com Depressão Reativa, antes apropriadamente chamada de Depressão Exógena. Como esse tipo de depressão envolve reações psíquicas, é também chamado de Depressão Psicogênica.

Outras vezes, a pessoa tem um histórico de vida emocional com vários momentos onde apresentou sintomas depressivos, muitos deles sem motivo vivencial aparente ou, quando há algum motivo, o quadro é desproporcional, tanto em intensidade quanto em duração. Essas pessoas são deprimidas, ou seja, têm um perfil afetivo propenso à depressão, têm com frequência antecedentes familiares de depressão. É a chamada Depressão Maior ou, como antes, também apropriadamente chamada de Depressão Endógena. Como neste tipo existe uma participação biológica importante, alguns autores denominam Depressão Biológica

A pessoa pode, com 50% de chance, apresentar apenas um Episódio Depressivo durante sua vida. Trata-se de uma ocorrência geralmente relacionado a alguma vivência traumática ou a alguma condição médica geral, como por exemplo, alterações da tiróide, estresse pós-cirúrgico, etc. Entretanto caso o Episódio Depressivo se repita, caracterizará o Transtorno Depressivo Recorrente.

A duração de um Episódio Depressivo é variável. Quando não tratado o episódio depressivo costuma durar 6 meses ou mais, como vimos acima. Na maioria dos casos, passado o episódio existe a remissão completa dos sintomas, voltando ao nível normal o funcionamento mental.

Transtorno Depressivo Recorrente


Caracterizam-se pela ocorrência repetida de Episódios Depressivos, correspondentes à descrição do quadro acima. Os Episódios Depressivos aparecem periodicamente, por exemplo, a cada ano, a cada dois anos... Eles podem ser desencadeados por alguma vivência traumática mas, via de regra, surgem sem uma causa vivencial aparente.

As formas mais graves do Transtorno Depressivo Recorrente apresentam um quadro compatível com o que era antigamente chamado de Melancolia, ou Depressão Vital, ou ainda Depressão Endógena.

Distimia, por conceito, é uma depressão crônica, com sintomatologia não grave o suficiente para ser classificado como Episódio Depressivo ou Transtorno Depressivo Recorrente. A característica essencial do Transtorno Distímico é um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias e por, pelo menos, 2 anos. Na Distimia as pessoas se auto definem como tristes ou "na fossa", e geralmente são definidas pelos outros como mau humoradas, amargas, irônicas e implicantes. Abaixo, esquema ilustrativo da Distimia.

Para os distímicos os fatos da vida são percebidos com mais amargura, são mais difíceis de suportar, de forma que as vivências desagradáveis, mágoas e frustrações são ruminadas por muito tempo e revividas com intensidade, sofrimento e emoção. Já as vivências mais agradáveis passam quase desapercebidas, são fugazes e esquecidas com rapidez. O prejuízo no funcionamento social e profissional é a razão que normalmente leva o paciente a procurar ajuda: pode haver desinteresse, perda da iniciativa, capacidade de concentração diminuída, perda da libido, memória prejudicada, fadiga e cansaço constante, vulnerabilidade a outras doenças, diminuição da autoestima, inibição psíquica generalizada, perda da capacidade de sentir prazer pelas coisas da vida, insegurança, pessimismo, retraimento social, tendência ao isolamento, choro fácil, insônia, ansiedade e angústia.

Geralmente, tanto as crianças quanto os adolescentes com Transtorno Distímico, mostram-se irritáveis, ranzinzas, pessimistas, deprimidos e podem ter redução da autoestima e fraco desempenho social. Na idade adulta, as mulheres estão duas a três vezes mais propensas a desenvolver Transtorno Distímico do que os homens.

É de extrema importância a procura do profissional médico para o diagnóstico diferencial. Um bom psiquiatra pode ajudar.

Ballone GJ, Moura EC -  Depressão - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br